CSN - Central Sul de Notícias - Especial -jornalista Douglas de Souza
Da Redação
Conheci o Oil Man nos anos 80, numa tarde ensolarada de um sábado qualquer. Ele apareceu na quadra polivalente do velódromo, localizado no Jardim Botânico, em Curitiba. Sua vestimenta já era a conhecida por todos: uma sunga de banho, que se tornou sua marca registrada. Ao seu lado, como sempre, estava sua inseparável bicicleta. Oil Man permanecia próximo à quadra de cimento, assistindo às disputadas partidas de basquete que se estendiam por toda a tarde, aguardando pacientemente uma oportunidade para entrar na quadra e mostrar suas habilidades.
Aqueles eram dias felizes, marcados pela confraternização. Oil Man, com sua simpatia genuína, conquistava todos ao redor com uma postura simples e cordial. Além dele, reuniam-se ali estudantes bolsistas da Costa Rica e de países africanos como Angola. Juntos, formávamos diversos times de basquete, protagonizando partidas acirradas onde quem perdia dava lugar ao próximo time que esperava à beira da quadra.
Aproveito para registrar que o nível do basquete praticado nas quadras públicas nos anos 80 e 90 era muito superior ao que vemos hoje. Naquela época, tínhamos atletas talentosos provenientes do Clube Curitibano, do Clube Thalia, da Praça Oswaldo Cruz (com o professor Fernando), do Clube Círculo Militar e, claro, do famoso time “Gigantes da Fedato”, criado pelo Fedato Esportes. Tenho grande orgulho de ter sido armador dessa equipe lendária.
Voltando ao nosso amigo Oil Man, suas qualidades técnicas no basquete não eram das melhores. Ele era um jogador limitado, mas isso não importava, ele amava o basquete. As tardes de sábado no velódromo do Jardim Botânico não eram apenas sobre competição; eram, acima de tudo, uma oportunidade para fazer novas amizades e celebrar o espírito de união. O interessante é que Oil Man já chamava atenção por onde passava, mas nunca enfrentava olhares de preconceito ou indiferença. Sua boa formação educacional e sua origem numa família de classe média eram refletidas na gentileza natural de seus gestos e na fala pausada que transmitia serenidade. Seu sorriso constante desarmava qualquer dúvida quanto às suas intenções, tornando-o uma figura amada e admirada por todos.
A notícia de sua morte nos pegou de surpresa, pois ainda parecia ter muita vida pela frente. Mas o destino age assim, inesperado e implacável. Apesar disso, Oil Man deixa seu legado como um símbolo que ficará registrado na história de Curitiba, uma cidade já rica em personagens icônicos como Paulo Leminski, Helena Kolody e Dalton Trevisan.
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