Sônia Hutterer
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Caros leitores,
O nosso primeiro livro que foi discutido no Clube de Leitura deste ano foi "1984" de George Orwell. A obra foi publicada em 1949 pelo escritor britânico e está atualíssima. Muitos dos acontecimentos narrados na história já foram vistos em alguns países por esse mundo afora e até alguns deles ainda percebemos nos dias atuais. A história se passa num país fictício tendo em sua sociedade política a seguinte divisão:
Leia Também:
O Ministério da Verdade que trata das notícias, entretenimento, educação e belas artes.
O Ministério da Paz que trata da guerra.
O Ministério do Amor que trata da lei e da ordem.
O Ministério da Pujança que trata das "questões econômicas".
Há uma câmera, a qual eles chamam de Teletela, em todas as partes da cidade e inclusive em todos os cômodos de todos os edifícios (residenciais e comerciais) onde, em alguns lugares há um cartaz enorme com os dizeres "o grande irmão está de olho em você."
A história acompanha o personagem Winston Smith que faz parte do único partido deste país e seu desafio para compreender como as coisas funcionam e sua tentativa de adquirir momentos de liberdade em seu dia-a-dia.
O livro é abertamente uma crítica voraz ao socialismo/comunismo.
Não há liberdade de expressão, nem de pensamento. Há o que eles denominam "pensamento-crime" que é punido com tortura, prisão e em casos extremos a morte (há um enforcamento por mês).
O lema do partido é "Quem controla o passado, controla o futuro; quem controla o presente, controla o passado". "Não havia registros escritos". "Nunca havia a menor prova de nada".
Há outro personagem, Syme, um filólogo que trabalha na "produção" do idioma a ser implantado no país - a "Novafala". O personagem afirma " A Décima Primeira Edição é a edição definitiva. Estamos dando os últimos retoques na língua - para que fique do jeito que há de ser quando ninguém mais falar outra coisa. Depois que acabarmos, pessoas como você serão obrigadas a aprender tudo de novo. Tenho a impressão de que você acha que nossa principal missão é inventar palavras novas. Nada disso! Estamos destruindo palavras - dezenas de palavras, centenas de palavras todos os dias. Estamos reduzindo a língua ao osso. A Décima Primeira Edição não conterá uma única palavra que venha a se tornar obsoleta antes de 2050."
Alguma similaridade com os dias atuais?
O personagem principal Winston escreve no seu diário uma frase que achei muito boa para reflexão: "Enquanto eles não se conscientizarem, não serão rebeldes autênticos e, enquanto não se rebelarem, não têm como se conscientizar."
Outra fala do personagem O'Brien, do Partido também traz suas similaridades com os dias atuais: "O Partido deseja o poder exclusivamente em benefício próprio. Não estamos interessados no bem dos outros; só nos interessa o poder em si. Nem riqueza, nem luxo, nem vida longa, nem felicidade: só o poder pelo poder, poder puro. O que significa poder puro? Você vai aprender daqui a pouco. Somos diferentes de todas as oligarquias do passado porque sabemos muito bem o que estamos fazendo. Todos os outros, inclusive os que se pareciam conosco, eram covardes e hipócritas. Os nazistas alemães e os comunistas russos chegaram perto de nós em matéria de métodos, mas nunca tiveram a coragem de reconhecer as próprias motivações. Diziam, e talvez até acreditassem, que tinham tomado o poder contra a vontade e por tempo limitado. E que na primeira esquina da história surgiria um paraíso em que todos os seres humanos seriam livres e iguais. Nós não somos assim. Sabemos que ninguém toma o poder com o objetivo de abandoná-lo. Poder não é um meio, mas um fim. Não se estabelece uma ditadura para proteger uma revolução. Faz-se uma revolução para instalar a ditadura. O objetivo da perseguição é a perseguição. O objetivo da tortura é a tortura. O objetivo do poder é o poder."
Então, acredito que o texto de hoje traz muitas reflexões. A obra em questão não é de fácil leitura mas traz importantes pensamentos de como o mundo roda e roda, mas parece ficar sempre no mesmo lugar - acredito até que a evolução da raça humana vem acontecendo, mas com uma grande dificuldade. Como eu sempre digo "Assim rasteja a humanidade".
Bora ler o livro.
Até!
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