CSN - Central Sul de Notícias - jornalista Douglas de Souza
Da Redação
O consumidor paranaense, especialmente o curitibano, está cansado de ouvir que a Companhia de Saneamento do Paraná (SANEPAR) é a melhor empresa do mundo quando o assunto é qualidade da água, distribuição e saneamento. A mídia eletrônica, contratada pelo governo estadual e presente em diversas cidades, reforça essa política de destacar o trabalho de excelência da empresa.
Em 2024, a Global Water Intelligence, uma das principais editoras e organizadoras de eventos voltados à indústria internacional de água, com sede em Londres, premiou a SANEPAR com o Prêmio Campeões do ODS 6, concorrendo com países da Ásia, África e América Latina. Vale mencionar que essa entidade privada subsiste, em parte, pela venda de espaços publicitários em seu site, algo legítimo, mas que não invalida um olhar crítico sobre suas premiações.
Porém, a realidade vivida pelos consumidores é bem diferente. Praticamente todos os meses, a SANEPAR realiza interrupções no fornecimento de água em diversos bairros de Curitiba, poupando apenas as regiões consideradas nobres. Bairros como Uberaba, Portão, Boqueirão, Sítio Cercado, Cajuru, Fazendinha, Vila Oficinas, Abranches, Tarumã, Pilarzinho e Santa Cândida convivem com constantes cortes de água, chegando a ficar de três a quatro dias sem abastecimento.
Outro problema enfrentado pelos consumidores é a falha de comunicação da SANEPAR. A companhia frequentemente não informa com antecedência sobre as interrupções, e, quando o faz, os dados não refletem a realidade. Além disso, a central de atendimento não fornece informações detalhadas sobre o serviço, o prazo de reparo ou a data exata do retorno do fornecimento.
A moradora Osmari Terezinha, do Condomínio Residencial Cidade de Sevilha, no bairro Uberaba (Curitiba), relata: “A interrupção do fornecimento de água é frequente. O pior é que a companhia não avisa, o que causa transtornos no condomínio. Temos crianças recém-nascidas, idosos e pessoas doentes. Somos obrigados a contratar caminhões-pipa para abastecer as cisternas, com um custo superior a 2 mil reais.”
Diante disso, o consumidor e contribuinte se pergunta: para onde está sendo direcionado todo o dinheiro investido na modernização das subestações de abastecimento de água nas cidades paranaenses? E por que a SANEPAR gera tantas informações sobre reparos nos sistemas danificados de abastecimento, enquanto afirma estar sempre modernizando serviços e equipamentos?
As conquistas e premiações recebidas pela SANEPAR soam destoantes da realidade enfrentada pelos consumidores. A premiação da Global Water Intelligence, por exemplo, reconheceu, pela primeira vez, o esforço da Companhia Paranaense para alcançar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 6 da ONU: garantir a disponibilidade e a gestão sustentável da água potável e saneamento para todos. A SANEPAR disputou com outras 37 empresas do setor da América Latina, Ásia e África, e esteve entre as quatro finalistas. Após o processo seletivo inicial, a votação foi realizada por líderes de 300 empresas de água e esgoto, que impulsionam a universalização sustentável desses serviços para 300 milhões de pessoas no mundo.
Durante a cerimônia em Londres, o presidente da SANEPAR, Cláudio Stabile, e o especialista em Pesquisa e Inovação, Gustavo Rafael Collere Possetti, apresentaram os compromissos, estratégias e ações da empresa para acelerar o ODS 6 até 2030. Stabile destacou: “Hoje, aqui em Londres, a SANEPAR foi premiada como a melhor companhia do mundo em estratégias e ações no atendimento ao ODS 6. Para nós, é uma alegria muito grande, fruto de gestões dedicadas e do trabalho de mais de 6 mil saneparianos ao longo de 61 anos.”
Apesar do reconhecimento internacional, o consumidor local questiona se as premiações realmente refletem a qualidade do serviço prestado. Afinal, o descontentamento com a SANEPAR persiste, colocando em xeque a imagem de excelência promovida pelo governo e pela mídia.
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