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Domingo, 12 de Outubro de 2025

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Alep apresenta medidas para socorrer setor madeireiro do Paraná

EUA representam cerca de 97% da produção do segmento, que enfrenta demissões e enxugamento. Proposições sobre o tema tramitarão em regime de urgência, garantiu o presidente da Alep.

Alep apresenta medidas para socorrer setor madeireiro do Paraná
CSN - Audiência lotou o Plenarinho da Assembleia Legislativa na manhã desta segunda-feira (29). Créditos: Orlando Kissner/Alep
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CSN - Central Sul de Notícias - Alep

Da Redação

Garantir a sobrevivência do setor madeireiro paranaense diante das altas tarifas impostas pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros e a falta de negociação entre a potência norte-americana e o governo brasileiro foi tema central de uma audiência pública realizada na manhã desta segunda-feira (29), na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). O evento reuniu deputados, empresários, representantes do governo do Estado e do Poder Público para discutir medidas sobre o tema.

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O deputado Alexandre Curi (PSD), presidente da Assembleia Legislativa e um dos organizadores do evento, se comprometeu a aplicar o regime de urgência a proposições relativas ao tema que possam vir a ser apresentadas na Alep. Com isso, elas podem concluir a tramitação em 48h. "O setor madeireiro do Paraná foi o mais afetado por essa taxação, com quase 5 mil pessoas demitidas e muitos funcionários trabalhando em casa, prestes a serem demitidos”, ressaltou.

Também proponentes, parlamentares que lideram colegiados que representam os diferentes setores econômicos no Paraná acompanharam a audiência pública. “O tarifaço inviabiliza a exportação, esse produto fica restrito ao mercado interno, naturalmente baixando o preço e inviabilizando a atividade econômica”, ressaltou o deputado Artagão Júnior (PSD), líder do Bloco da Madeira.

“Muitos setores estão sendo diretamente impactados por conta desta falta de diálogo entre os Estados Unidos e o Brasil”, complementou Luiz Fernando Guerra (União), presidente da Comissão de Indústria, Comércio, Emprego e Renda. “É uma questão política, é uma decisão do governo federal americano. O que a gente precisa é ter soluções. Não podemos é concordar com as demissões”, complementou Fábio Oliveira (Podemos), vice-presidente da mesma comissão. Ele relembrou que o Paraná gerou 100 mil empregos até setembro deste ano. “Podemos perder tudo o que construímos em 2025”.

Os parlamentares ressaltaram a necessidade de diálogo diante da situação. "Quando você conversa, a chance de errar é menor. Todo esforço e rapidez será empreendido nas ideias colocadas aqui, contem conosco", destacou Hussein Bakri (PSD). "Tenho a convicção de que vamos superar esse processo. E também achar outros mercados, a médio e longo prazo", ressaltou Anibelli Neto (MDB), presidente da Comissão de Agricultura. Também participaram da audiência os deputados Evandro Araújo (PSD), Luiz Claudio Romanelli (PSD) e Secretária Marcia Huçulak (PSD).

Cenário

Desde o dia 6 de agosto, o setor está entre os tiverem seus produtos submetidos a tarifas de 50% ao entrarem em solo americano, após determinação do presidente norte-americano Donald Trump. Apesar de ser o sétimo produto mais exportado pelo Paraná, a madeira ocupa a primeira posição quando se trata especificamente da relação comercial com os Estados Unidos, representando 39% dos US$ 1,58 bilhão exportado ao país, à frente do setor metalmecânico, que representa 25%, destacou João Arthur Mohr, gerente de Assuntos Estratégicos da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), durante a palestra que abriu a audiência.

Na sequência, aparecem papel e celulose (3%), couro (3%), pescados (2%), cerâmica (2%), móveis (1%), café e mate (1%), sucos (1%), além de mel, carne e siderurgia, cada um com participação inferior a 1%. Os demais 24% são compostos de outros produtos. De todos esses segmentos, apenas os setores de sucos, papel e celulose não foram taxados.

Conforme Mohr, o setor madeireiro tem um diferencial em relação aos demais: a produção é feita de forma a atender características específicas da cultura norte-americana, como a adoção do sistema wood frame na construção civil - não havendo alternativas de mercado fora dos EUA. “A decoração interna dessas casas, chamadas de molduras, são fabricadas por três fábricas no Paraná, com mais de 4 mil funcionários. Eles exportam 100% da sua produção aos Estados Unidos”, ilustrou.

Ao todo, o setor madeireiro emprega cerca de 38 mil pessoas no Paraná. Dos 399 municípios paranaenses, 266 contam com operários do setor. Paulo Roberto Pupo, superintendente da Associação Brasileira Da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci), calcula seis demissões devido à crise gerada. Há cerca de 5500 funcionários em férias coletivas e mais de 1100 em day-off. "Se as tarifas permanecerem por mais 60 dias, teremos mais 5 mil demissões", alertou. Municípios paranaenses como Guarapuava, Telêmaco Borba e Bituruna são alguns que concentram ampla concentração de trabalhadores do setor. No último, 87% dos operários das indústrias estão no ramo madeireiro.

Pupo ressaltou que as tarifas estabelecem uma competitividade desleal, tornando impossível ao setor madeireiro competir com países submetidos a tarifas bem mais baixas. "Os nossos vizinhos têm taxas de 10%, a Europa 15% e a Indonésia 19%. No Vietnam, 20%, e na China, 35%. Sobra alguma chance para nós? Zero. Estaremos fora do jogo", afirmou. "O fator que mais nos preocupa é a substituição no mercado. O sujeito acha um novo fornecedor, e perdemos o mix que tínhamos construído há 30 anos".

Conforme Gabriel Perdonsini Vieira, diretor de Operações Portuárias da Portos Paraná, o tarifaço resultou na redução de 1 mil containers exportados mensalmente. "Sentimos redução de empregos na parte de retroárea, na logística da formação dessas cargas e inclusive no transporte interno”

Medidas

Edson Vasconcelos, presidente da Fiep, destacou a necessidade de criação de um comitê de crise no âmbito da Alep para acompanhar a situação do setor com periodicidade. Mohr listou demandas da Federação em relação ao governo estadual e federal, elencando como prioridades a liberação do ICMS às empresas atingidas, a criação de uma linha de financiamento emergencial do BNDES, a reativação do programa Seguro-Emprego (PSE) e a ampliação do Reintegra, programa de crédito.

O secretário de Estado da Fazenda, Norberto Ortigara, anunciou que o governo do Paraná encaminhará uma proposição à Assembleia Legislativa na qual o Executivo pedirá autorização para a compra direta de crédito, destinado a auxiliar as empresas. O montante deve ser disponibilizado a curto prazo e sem parcelamento, adiantou o gestor. A medida ainda é finalizada pela equipe econômica e deve ser enviada ainda nesta semana.

O parlamentar federal Pedro Lupion (PP), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária na Câmara dos Deputados, anunciou a realização de uma reunião pelo colegiado na Câmara dos Deputados para levar a situação das empresas madeireiras aos demais deputados. Durante o encontro, que ainda será marcado, a Assembleia Legislativa será representada pelo deputado Artagão Júnior.

Também compuseram a mesa Claudio Stabile, presidente do Fomento Paraná; Reinaldim Barboza Pereira, presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário do Estado do Paraná (Fetraconspar); Rita (PSD), prefeita de Telêmaco Borba; e Heraldo Alves, diretor administrativo do BRDE.

FONTE/CRÉDITOS: CSN - Central Sul de Notícias - ALEP
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