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Da Redação
Curitiba, 6 de outubro de 2024 — As icônicas bancas de revistas, outrora pontos centrais de distribuição de notícias e entretenimento, enfrentam um momento desafiador com o avanço das tecnologias digitais. Nos últimos anos, a queda nas vendas de jornais e revistas impressas, somada à popularidade de plataformas online, forçou esses tradicionais estabelecimentos a buscar novas formas de se manter relevantes e atrair clientes.
As bancas, que já foram símbolo de informação acessível em praças e esquinas de todo o Brasil, agora precisam se adaptar à era da conectividade, onde a informação chega instantaneamente através de smartphones, tablets e computadores. O desafio é imenso, mas os proprietários desses negócios têm mostrado criatividade e resiliência em suas tentativas de se reinventar.
A reinvenção das bancas
Antônio Ribeiro, dono de uma banca há 30 anos em Curitiba, explica que a mudança foi inevitável. “Antes, as pessoas passavam todos os dias para comprar jornal ou revista. Hoje, quase ninguém faz isso. Eu precisei começar a vender outros produtos para manter a banca de pé. Agora, ofereço de tudo um pouco: acessórios para celulares, brinquedos, presentes, snacks e até recarga para transporte público”, conta Antônio.
A diversificação de produtos tem sido a principal estratégia para a sobrevivência. Muitas bancas têm adotado um modelo híbrido, oferecendo não só materiais impressos, mas também artigos de conveniência, recarga de celulares e até pequenos serviços, como impressão de documentos. Além disso, algumas bancas apostam em parcerias com aplicativos de delivery para expandir sua clientela e atender consumidores que não têm tempo para ir pessoalmente ao local.
Do papel ao digital: novas fronteiras
Com o declínio do consumo de mídias impressas, bancas de revistas estão entrando cada vez mais no universo digital. A venda de assinaturas digitais de jornais e revistas é uma das opções adotadas por proprietários mais antenados com as mudanças tecnológicas. “Comecei a vender pacotes de assinatura online de jornais e revistas. É uma forma de não perder o cliente que migrou para o digital”, explica Juliana Matos, proprietária de uma banca em Florianópolis.
Alguns estabelecimentos também estão se tornando pontos de acesso à internet, oferecendo Wi-Fi gratuito para clientes que compram algum produto. Isso cria uma nova dinâmica para as bancas, que passam a funcionar como pontos de encontro e trabalho para quem precisa de uma pausa rápida durante o dia.
Mudanças no público consumidor
Outro fator que está transformando as bancas é a mudança no perfil do consumidor. Se antes o público principal era formado por leitores fiéis de jornais e revistas, hoje, os clientes buscam principalmente conveniência. Itens como bebidas, cigarros, doces e acessórios tecnológicos estão entre os mais vendidos nas bancas atuais.
“Percebi que os jovens raramente compram revistas, mas vêm até aqui para comprar snacks ou um carregador de celular. Então, passei a investir nesses produtos”, diz Antônio Ribeiro. Além disso, muitos proprietários estão apostando em produtos de nicho, como revistas temáticas, quadrinhos colecionáveis e edições especiais, que ainda atraem um público específico.
O futuro das bancas: resiliência e inovação
Para especialistas do setor, a tendência é que as bancas continuem se transformando em pequenos centros de conveniência. O presidente da Associação Nacional de Distribuidores de Publicações, Marcelo Mendes, acredita que o futuro das bancas está na diversificação. “As bancas estão se adaptando ao novo mercado e têm potencial para se tornarem locais de experiência, oferecendo mais do que apenas produtos. Elas podem se tornar pontos de referência em bairros, oferecendo serviços e conveniência que vão além do papel”.
Ainda assim, a sobrevivência das bancas depende de uma combinação de fatores, como a inovação nos serviços prestados e o apoio das editoras para a distribuição de produtos impressos. A tradição de comprar uma revista ou jornal em uma banca pode estar diminuindo, mas a capacidade desses estabelecimentos de se transformar mostra que ainda há espaço para esse negócio no mundo conectado.
Por: Douglas de Souza
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