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Da Redação
O cenário econômico chinês vive uma transformação. Com o crescimento interno desacelerando, muitas das grandes empresas do país asiático têm voltado os olhos para mercados externos. E o Brasil, com sua dimensão continental, população expressiva e laços diplomáticos estáveis com Pequim, desponta como um dos destinos mais promissores dessa nova onda de internacionalização.
Setores como o de veículos elétricos, energia renovável, telecomunicações, logística e infraestrutura já são protagonistas nesse movimento. Empresas como BYD, State Grid, Huawei, CRRC, China Communications Construction Company (CCCC) e tantas outras têm fortalecido sua presença em solo brasileiro nos últimos anos — e agora vivem um novo momento de expansão, com foco em produção local, geração de empregos e maior proximidade com o consumidor final.
O interesse não é casual. A economia chinesa, que por décadas cresceu a taxas de dois dígitos impulsionada pelo investimento em infraestrutura e pelo consumo doméstico, agora lida com desafios como uma população em envelhecimento, uma taxa de natalidade em queda e a saturação de alguns mercados. Em resposta, o governo central tem incentivado empresas a buscar oportunidades fora do país, sobretudo em nações em desenvolvimento com forte potencial de crescimento — caso do Brasil.
O ambiente brasileiro, por sua vez, tem se mostrado receptivo. Após uma década marcada por instabilidade política e econômica, o país começa a atrair novamente grandes projetos industriais e investimentos estruturantes. Para as empresas chinesas, isso significa a chance de atuar em um mercado robusto, com demanda crescente por tecnologia, mobilidade elétrica, conectividade digital e transição energética.
A fabricante BYD é um dos exemplos mais emblemáticos. Depois de inaugurar uma fábrica em Camaçari (BA), no local onde antes operava a Ford, a empresa ampliou seus planos e quer transformar o Brasil em uma base estratégica para exportações. Já a gigante de energia State Grid investe continuamente na modernização e expansão do sistema elétrico brasileiro, incluindo linhas de transmissão que interligam estados e regiões.
Outro nome de peso é a Huawei, que, mesmo com restrições impostas pelos Estados Unidos, mantém atuação firme no Brasil e voltou a lançar smartphones de ponta no país. A empresa também lidera projetos em parceria com operadoras brasileiras para o desenvolvimento da rede 5G.
O setor ferroviário também vive um momento interessante. A chinesa CRRC tem estreitado diálogos com o Governo de São Paulo para participar de licitações envolvendo o Trem Intercidades, projeto bilionário que ligará a capital a municípios do interior. Iniciativas como essa reforçam a percepção de que a parceria sino-brasileira está migrando do comércio de commodities para projetos de alto valor agregado e cooperação tecnológica.
Em um mundo cada vez mais polarizado, o Brasil tem mantido uma posição diplomática equilibrada e pragmática. Isso tem favorecido sua relação com a China, que hoje é o principal parceiro comercial do país. Em 2024, o comércio bilateral superou os US$ 150 bilhões, com destaque para as exportações brasileiras de soja, minério de ferro, carne bovina e celulose.
Agora, o movimento é inverso: além de comprar, os chineses querem produzir, empregar e inovar no Brasil. E se depender do apetite dessas empresas — e da receptividade do mercado brasileiro —, o fluxo de investimentos só tende a aumentar nos próximos anos.
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