CSN - Central Sul de Notícias - jornalista Douglas de Souza
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em seu segundo mandato, iniciou uma ofensiva global para tentar frear a desdolarização da economia mundial e garantir a supremacia americana no comércio internacional. A principal arma: um tarifaço contra países emergentes que se recusam a seguir os interesses econômicos de Washington.
A estratégia é clara — forçar nações como Brasil, Índia e China a aceitar acordos bilaterais vantajosos para os EUA, ameaçando com pesadas tarifas de importação e retaliações comerciais.
Nova ordem econômica via intimidação
Trump pretende redesenhar a ordem econômica mundial com base no nacionalismo comercial. Em vez de diplomacia e cooperação multilateral, aposta em coerção e protecionismo. A meta é restaurar a força do dólar e conter o avanço de blocos econômicos alternativos, como os Brics, que crescem como força contrária à hegemonia americana.
O governo norte-americano tem elevado tarifas sobre produtos estratégicos — como aço, grãos, carne e bens industriais — oriundos de países que defendem políticas comerciais independentes ou negociam em moedas alternativas ao dólar.
Brics e nova geopolítica econômica
Um dos principais entraves à estratégia de Trump é o fortalecimento do Brics. Com a recente ampliação do bloco e o uso crescente de moedas locais nos acordos internos, o grupo avança rumo a uma integração financeira e comercial menos dependente do dólar.
A atuação conjunta de China, Rússia, Índia, Brasil e África do Sul — agora com novos membros — representa um contraponto direto ao modelo defendido por Trump. O Novo Banco de Desenvolvimento, liderado pela ex-presidente Dilma Rousseff, tem financiado projetos sem exigir alinhamento à política monetária dos EUA.
Bolsonaro: um aliado silenciado
Outro problema estratégico para Washington é a crise política no Brasil. O ex-presidente Jair Bolsonaro, um dos principais aliados ideológicos de Trump na América do Sul, encontra-se em prisão domiciliar por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, e usa tornozeleira eletrônica.
Com Bolsonaro fora do cenário político, o governo brasileiro assume uma postura mais pragmática e alinhada à multipolaridade. O presidente atual reforça os laços com China, Índia e África, buscando alternativas ao domínio do dólar e resistindo às pressões da Casa Branca.
Tensões e riscos globais
A escalada de tarifas promovida por Trump já causa reações em cadeia. Países atingidos estudam retaliações, e o comércio global vive novo momento de incerteza. Especialistas alertam que a tentativa de impor uma nova ordem econômica pela força pode acelerar o isolamento dos EUA em blocos estratégicos e aumentar a volatilidade nos mercados.
Ao tentar salvar o dólar e restaurar a hegemonia americana, Trump pode, paradoxalmente, acelerar a fragmentação da economia mundial.

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