Sônia Hutterer
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"Adolescência"
Caros leitores amigos,
Hoje discorrerei sobre uma mini série que assisti na Netflix.
Desde o advento da tal "pandemia", o canal da Netflix trazia películas muito ruins. Até aventamos a possibilidade de cancelar o canal - havia muita violência e sexo gratuitos, os quais já comentei num texto anterior, entretanto essas duas características ainda subsistem, mas com menos intensidade. O excesso de "wokismo" também era bem irritante.
A mini série com 4 episódios foi "Adolescência". Muita polêmica tem sido feita à respeito dessa série. Do meu ponto de vista ela foi muito bem dirigida. Os atores são excepcionais, principalmente o personagem estudante do ensino médio de 13 anos. Todos os atores não são famosos do público em geral.
A trama gira em torno do assassinato de uma garota estudante do ensino médio de uma escola britânica. Para nós que assistimos ao enredo não aparece a cena do crime explicitamente, apenas por uma câmera de rua desfocada que os pais do menino suspeito assistiram na delegacia de polícia. Na minha opinião, essa característica é bem incomum num filme desse gênero.
O primeiro episódio é bem violento e não vi motivo para tal, mas eles, os produtores e diretores da série, talvez achassem necessário para "chamar" a audiência. Eu, de minha parte, quase desisti, mas resolvi dar continuidade à história.
O segundo episódio é bem interessante onde você se depara com o diálogo (ou seria uma sessão na prisão?) entre o suspeito/culpado e a psicóloga. Obviamente para mim, como psicóloga, essa cena foi intrigante. Ao meu ver, os psicólogos em geral se beneficiariam com o aprendizado ao observarem atentamente esse diálogo/sessão.
O último episódio foi esclarecedor e ao mesmo tempo confuso para quem o assistiu. A primeira impressão que fica é que os pais foram os culpados - eles sentiram-se "culpados" pela não "vigilância" das atitudes do filho no meio social. Eu não vi assim - entendo até que é importante os pais darem uma atenção "especial" aos filhos adolescentes, mas com o advento da internet e seus penduricalhos é quase impossível saber tudo o que filhos assistem. Eu senti esse episódio como um alerta para que pais NÃO sintam-se responsáveis pelos atos dos filhos, pois a sociedade atual mundial busca "retirar" a responsabilidade dos pais sobre os filhos e dá-la ao Estado e ao mesmo tempo, quando algo ruim acontece, como esse crime, tentam imputar a "culpa" sobre os pais.
Um fator que chamou minha atenção na história foi a atitude do pai.
Para um menino, a presença e as atitudes do pai usualmente são mais valorizadas que as da mãe. Na trama, nota-se sutilmente a dificuldade do pai para aceitar o filho em suas escolhas e sua personalidade. Nota-se que o filho tem pendor para o desenho, mas o pai resolve colocá-lo no futebol (um esporte "masculino"?). Talvez por um preconceito inculcado há muito tempo na sociedade onde meninos brincam de carrinho e meninas brincam de boneca? O desenho no caso seria uma atividade "feminina"? No relato do filho para a psicóloga, do pai para a polícia e a cena que vemos há o mesmo detalhe: o menino não era um bom jogador de futebol e então o técnico o coloca para ser goleiro. Na primeira bola que ele deixa passar, o pai vira o rosto e o filho nota que ele faz isso. O menino conta para a psicóloga como ele se ressentiu desse comportamento do pai. O pai sentia vergonha do filho? O filho não sentia-se acolhido pelo pai?
Em realidade, a sociedade cria "dogmas" a serem seguidos e quando eles se chocam com a realidade, as tragédias podem acontecer.
Finalizo com algumas dúvidas e reflexões que vocês, leitores, possam ter, mas em minha opinião, os pais não podem ser responsabilizados pela atitude do filho embora ele tenha 13 anos de idade (sic!). O que seria bom para eles, os pais, é buscarem o autoconhecimento já que eles sentiram-se mal com o ocorrido e compreenderem que o filho em sua caminhada em direção à construção de sua personalidade, reagiu como pôde às ideias do meio social e tentou aplacar sua raiva, sua sensação de fracasso e menos-valia através do ato infame. Nem todas as pessoas reagiriam desta maneira. Esta é a minha visão da história.
Boa reflexão!
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