CSN | Central Sul de Notícias - jornalista Douglas de Souza - Reportagem Especial –
Por Redação CSN – 3 de julho de 2025
Com a chegada do inverno e das ondas de frio intenso em várias regiões do Brasil, principalmente no Sul e Sudeste, os hospitais registram aumento significativo nos atendimentos por infarto agudo do miocárdio e Acidente Vascular Cerebral (AVC). Segundo cardiologistas e neurologistas, as baixas temperaturas provocam alterações no organismo que elevam os riscos de eventos cardiovasculares graves — sobretudo entre idosos e pessoas com doenças crônicas.
Por que o frio aumenta o risco?
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), o frio provoca a constrição dos vasos sanguíneos, processo conhecido como vasoconstrição, que faz com que o coração tenha que trabalhar mais para bombear o sangue. Isso eleva a pressão arterial e pode sobrecarregar o sistema cardiovascular.
“O corpo precisa manter a temperatura interna, então há uma contração dos vasos sanguíneos da periferia para preservar os órgãos vitais. Isso pode desestabilizar pacientes com histórico de hipertensão, diabetes, colesterol alto ou problemas cardíacos”, explica o cardiologista Dr. Henrique Fernando de Souza.
Além disso, o clima frio também influencia na coagulação do sangue, aumentando o risco de trombos, que são coágulos que podem bloquear artérias e causar infartos ou AVCs.
Populações mais vulneráveis
Os idosos são os mais afetados pelos efeitos do frio. Segundo dados do Ministério da Saúde, nos meses de inverno, os casos de infarto em pessoas com mais de 60 anos aumentam até 30%. Pessoas com doenças crônicas, obesidade, tabagismo e sedentarismo também fazem parte do grupo de risco.
“As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no Brasil. E no frio, a tendência é que as pessoas fiquem mais em casa, reduzam a atividade física e abusem de alimentos gordurosos, o que agrava ainda mais o quadro”, alerta a médica geriatra Fernanda Costa.
Sintomas de alerta
Especialistas pedem atenção aos sintomas que antecedem os eventos cardiovasculares. No caso do infarto, os principais sinais incluem:
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Dor no peito que pode irradiar para o braço esquerdo, costas ou mandíbula
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Falta de ar
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Suor frio
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Náuseas ou vômitos
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Palidez súbita
Já no AVC, os sinais de alerta são:
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Fraqueza ou dormência súbita em um lado do corpo
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Dificuldade para falar ou entender
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Perda de equilíbrio ou coordenação
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Visão embaçada ou dupla
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Dor de cabeça intensa e súbita
Como se prevenir
Os especialistas reforçam que, embora o frio seja um fator de risco sazonal, é possível adotar medidas de proteção para reduzir as chances de infarto e AVC durante o inverno:
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Manter o corpo aquecido, inclusive mãos, pés e cabeça
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Controlar rigorosamente a pressão arterial, colesterol e diabetes
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Evitar o consumo excessivo de álcool e alimentos gordurosos
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Praticar atividades físicas regularmente, mesmo em ambientes fechados
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Não abandonar medicações de uso contínuo
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Evitar o choque térmico, especialmente ao sair de ambientes quentes para o frio
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Realizar check-ups médicos periódicos
Sistema de saúde em alerta
Em diversas cidades, os serviços de emergência já notaram um aumento nas ocorrências relacionadas a doenças cardiovasculares desde o início da frente fria. Em Porto Alegre, por exemplo, o número de atendimentos por infarto subiu 22% em comparação com o mesmo período do ano passado.
“Nos preparamos para o aumento da demanda, mas é essencial que a população faça a sua parte na prevenção”, destaca a enfermeira Ana Cláudia Reis, do Hospital de Clínicas.
Enfim
O inverno exige mais do que casacos e cobertores. É um período que pede atenção redobrada com a saúde, especialmente do coração e do cérebro. A informação e a prevenção são as melhores ferramentas para enfrentar o frio com segurança.
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