CSN - Central Sul de Notícias - Reportagem Especial
Da Redação
Por Central Sul de Notícias
A crise migratória global atingiu novos patamares de gravidade durante o segundo mandato do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Com uma política implacável de deportações em massa, o governo deixou milhares de famílias latinas — inclusive muitas brasileiras — em situação de desespero, medo e violação sistemática de direitos humanos.
Logo após a posse, em 20 de janeiro de 2025, Trump assinou uma série de ordens executivas que intensificaram ainda mais sua postura anti-imigração. Entre os principais atos:
- A Executive Order 14159, “Protecting The American People Against Invasion”, expandiu a remoção acelerada em todo o território, cortou verbas federais de "cidades-santuário", impôs penalidades severas a imigrantes indocumentados e reforçou o efetivo do ICE e da patrulha fronteiriça;
- Em 29 de janeiro, foi sancionada a Laken Riley Act, obrigando a detenção de imigrantes acusados de crimes como roubo ou agressão, além de permitir que estados processassem o governo federal por omissão;
- Uma proclamação de emergência nacional no sul do país permitiu o uso de tropas e fundos do Pentágono para erguer novas barreiras físicas na fronteira;
- Medidas para revogar o direito à cidadania por nascimento, reativar programas como o “Remain in Mexico” e retomar o uso da autoridade sanitária para expulsões sumárias (o antigo Título 42).
Operações de deportação em massa
A operação “Safeguard” levou à prisão de mais de 23.000 pessoas desde janeiro — 18 mil delas já deportadas, muitas em aviões militares. O ICE voltou a realizar batidas em larga escala com a meta de 3 mil prisões diárias, inclusive em áreas urbanas, independentemente de antecedentes criminais.
Setores como restaurantes, hotéis e a agricultura — que emprega aproximadamente 38% de mão de obra imigrante — já enfrentam escassez de trabalhadores. Proclamações restritivas e impactos nas entradas
A Proclamação 10949, emitida em 4 de junho de 2025, baniu viajantes de 12 países, com outros 36 em avaliação sigilosa. A justificativa: segurança nacional. O alcance, porém, afeta estudantes, refugiados, trabalhadores e até visitantes com “perfis ideológicos considerados perigosos”.
Impactos diretos para brasileiros e latinos
Desde 2018, mais de 11.300 brasileiros foram deportados. Apenas entre outubro de 2019 e julho de 2024, 10 mil foram repatriados por voos charter — com relatos frequentes de adultos e crianças algemados durante toda a viagem. Nos primeiros meses deste novo mandato, voos transportando ao menos 88 brasileiros algemados causaram indignação pública.
A reativação de ordens antigas de deportação e a ausência de audiências judiciais aumentaram a sensação de insegurança — especialmente em regiões como a Baía de São Francisco.
Reações judiciais e internacionais
Ações judiciais questionam a constitucionalidade das novas ordens. Diversas cortes bloquearam cortes de verbas às cidades-santuário, tentativas de revogar o direito de cidadania por nascimento e restrições de cooperação estadual com autoridades migratórias.
Organizações como a ONU, a Anistia Internacional e a Human Rights Watch classificaram as políticas como violações graves dos direitos humanos. No entanto, o poder executivo internacional é limitado, e as denúncias têm surtido pouco efeito prático até o momento.
Criminalização da imigração
A postura de Trump, desde 2018, baseou-se em uma política de “tolerância zero”, que resultou na separação de mais de 2.800 crianças de seus pais na fronteira. Brasileiros, sobretudo do Norte e Nordeste, relataram más condições em centros de detenção, ausência de defensores públicos e até violência psicológica.
O ICE intensificou prisões em escolas, igrejas e espaços públicos, provocando pânico generalizado nas comunidades latinas.
Fuga da violência e esperança frustrada
Muitos brasileiros cruzaram a fronteira fugindo da violência urbana, da pobreza e da falta de oportunidades. Famílias inteiras se arriscaram em rotas perigosas, contrataram coiotes e enfrentaram o deserto em busca de uma vida melhor.
Entidades de direitos humanos relatam casos de brasileiros detidos por meses, sem acesso a advogados ou contato com familiares — alguns deportados sem aviso.
Desintegração familiar e trauma coletivo
Deportações em massa deixaram um rastro emocional profundo. Crianças foram enviadas a abrigos sem saber do paradeiro dos pais. “É um trauma coletivo”, afirma uma representante da Human Rights Watch. “Pessoas vivem escondidas, com medo até de ir ao mercado.”
Reflexos globais e o legado
A política migratória dos EUA serviu de inspiração negativa para governos autoritários em outros países. O endurecimento da repressão agravou a crise humanitária global, alimentando a xenofobia e forçando deslocamentos em massa.
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