O prefeito Rafael Greca (PSD) encerra seu mandato como prefeito de Curitiba em 2024, após dois mandatos consecutivos, marcados por avanços e desafios em áreas cruciais para a cidade. Desde sua reeleição em 2020, Greca buscou consolidar sua visão de uma Curitiba moderna, inovadora e sustentável, mantendo sua marca de forte planejamento urbano. Contudo, sua gestão também enfrentou críticas em temas como mobilidade urbana, habitação e a resposta às crescentes desigualdades sociais.
Principais Realizações
- Inovação e Sustentabilidade Um dos principais pilares da gestão Greca foi o foco em inovação e sustentabilidade, áreas em que Curitiba tradicionalmente é vista como referência. O prefeito ampliou os investimentos em tecnologias inteligentes para a cidade, como o conceito de Smart City, com o uso de dados e sistemas integrados para melhorar a eficiência dos serviços públicos.
O projeto Vale do Pinhão, uma iniciativa voltada ao estímulo de startups e empresas de tecnologia, ganhou força nos últimos anos. O objetivo foi transformar Curitiba em um centro de inovação e economia criativa, trazendo desenvolvimento econômico e geração de empregos para áreas relacionadas à tecnologia.
No campo ambiental, a gestão apostou na expansão de programas de sustentabilidade, como a criação de novas áreas verdes, incentivo à energia renovável e a ampliação do programa Lixo que Não é Lixo, que visa aumentar a reciclagem e reduzir o impacto ambiental dos resíduos urbanos.
- Infraestrutura Urbana Greca também deu continuidade a projetos de infraestrutura importantes, como a manutenção e revitalização das principais vias da cidade e a modernização da iluminação pública, com a troca de lâmpadas convencionais por LED, prometendo mais eficiência energética e segurança pública. A reforma de parques, como o Parque Bacacheri, e a criação de novos espaços de lazer também foram pontos positivos, contribuindo para a qualidade de vida dos curitibanos.
Outro destaque foi a manutenção e expansão dos programas sociais como o Armazém da Família, que fornece alimentos a preços reduzidos para famílias de baixa renda, uma medida que ganhou relevância durante a pandemia.
- Respostas à Pandemia O governo de Greca enfrentou o impacto severo da pandemia de COVID-19, especialmente em 2021 e 2022. A gestão foi amplamente elogiada pela estruturação rápida de centros de vacinação drive-thru, um sistema que permitiu agilizar a imunização da população e reduzir a sobrecarga nos postos de saúde. Além disso, a prefeitura coordenou a criação de centros de atendimento exclusivos para casos de COVID-19, evitando a superlotação das unidades de saúde convencionais.
No entanto, a gestão também sofreu críticas pela falta de coordenação mais ampla em relação a políticas econômicas de apoio ao setor privado e aos trabalhadores informais afetados pela crise, o que resultou em uma recuperação lenta de muitos setores.
Principais Críticas
- Mobilidade Urbana Apesar de Curitiba ser historicamente conhecida por seu sistema de transporte público inovador, o BRT (Bus Rapid Transit), os últimos anos trouxeram uma série de desafios para a mobilidade urbana. A falta de investimentos robustos em expansão e modernização do sistema de transporte coletivo gerou reclamações dos usuários sobre superlotação, aumento das tarifas e deficiências no serviço.
A pandemia exacerbou esses problemas, uma vez que a redução no número de passageiros e o aumento dos custos de operação não foram acompanhados por melhorias significativas na frota ou nas condições dos terminais. Enquanto houve discussões sobre a possível implementação de alternativas, como veículos elétricos e ônibus híbridos, esses projetos não saíram do papel na velocidade esperada pelos curitibanos.
- Habitação e Desigualdade Social O aumento da população em situação de rua durante a pandemia expôs uma vulnerabilidade que se acentuou nos últimos anos em Curitiba. A falta de políticas habitacionais robustas para lidar com o déficit de moradia social, associada ao crescimento de ocupações irregulares, gerou críticas de que o governo municipal não respondeu à altura das necessidades crescentes da população mais vulnerável.
Embora tenha havido avanços em programas de assistência, como a ampliação dos abrigos temporários, muitos argumentam que a abordagem foi paliativa, sem atacar o cerne do problema: a falta de moradias acessíveis e a desigualdade social crescente.
- Desafios na Saúde Pública Mesmo com as ações rápidas no combate à COVID-19, a saúde pública de Curitiba enfrentou desafios no atendimento geral da população. O crescimento da demanda nos postos de saúde e nos hospitais públicos não foi acompanhado pela ampliação proporcional de recursos. Em diversas ocasiões, a população enfrentou filas para consultas e exames, especialmente em especialidades médicas. A falta de profissionais de saúde e a sobrecarga do sistema foram apontadas como falhas que não foram adequadamente resolvidas durante os mandatos de Greca.
- Gestão Centralizadora Um dos pontos de crítica frequente ao estilo de gestão de Rafael Greca é o seu perfil centralizador. Greca, conhecido por ser detalhista e controlador, frequentemente foi acusado de tomar decisões importantes sem ampla consulta pública ou participação de conselhos municipais. Esse perfil gerou descontentamento em setores da sociedade civil organizada e em alguns vereadores, que alegam uma falta de diálogo mais aberto e participativo.
Legado de Greca
Rafael Greca encerra seus dois mandatos consecutivos como prefeito de Curitiba com uma gestão marcada por uma visão de desenvolvimento moderno e sustentável, mas também por falhas em áreas sociais e estruturais. A inovação e o planejamento urbano continuam a ser as marcas de seu governo, mas os desafios relacionados à mobilidade urbana, à habitação e à inclusão social colocaram à prova sua administração.
A visão de Greca para Curitiba como uma cidade modelo de urbanismo e inovação foi parcialmente atingida, mas com áreas em que o progresso ficou aquém das expectativas. A gestão dele será lembrada por suas iniciativas em tecnologia e sustentabilidade, mas a desigualdade e a insatisfação de parte da população quanto ao transporte e serviços básicos marcaram o final de seu mandato.
O governo Rafael Greca será avaliado de forma mista pelos curitibanos. Para alguns, ele foi um líder comprometido em modernizar a cidade e enfrentar desafios complexos como a pandemia. Para outros, sua gestão centralizadora, a falta de melhorias no transporte público e a resposta insuficiente às desigualdades urbanas deixaram a desejar. Agora, com a sucessão iminente, o próximo prefeito terá a responsabilidade de dar continuidade às áreas onde houve avanços, ao mesmo tempo que enfrentará os problemas não resolvidos que se agravam na capital paranaense.
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