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Da Redação
Nos últimos anos, Curitiba, conhecida por sua qualidade de vida e planejamento urbano, tem enfrentado um aumento expressivo no número de pessoas vivendo em situação de rua. A capital paranaense, que sempre buscou soluções inovadoras para os problemas urbanos, agora vê essa crise social tomar proporções alarmantes, evidenciando a urgência de políticas públicas mais eficazes e de um olhar mais solidário da sociedade.
Cenário de vulnerabilidade crescente
Segundo dados recentes da Fundação de Ação Social (FAS), o número de moradores de rua aumentou significativamente desde o início da pandemia de COVID-19, e os efeitos econômicos prolongados continuam a afetar as camadas mais vulneráveis da população. De acordo com o último levantamento da prefeitura, atualmente, mais de 4 mil pessoas estão vivendo nas ruas de Curitiba, um aumento de 40% em relação aos anos anteriores.
Diversos fatores contribuem para esse cenário. A crise econômica, o desemprego e a falta de moradia acessível são os principais motivos que levam essas pessoas às ruas. Além disso, o aumento no consumo de drogas e álcool, combinado com problemas de saúde mental não tratados, agrava a situação de muitos, que acabam desassistidos e sem acesso a tratamentos adequados.
Perfis variados e histórias de vida
Os moradores de rua em Curitiba formam um grupo heterogêneo. São pessoas de diferentes faixas etárias, gêneros e histórias de vida. O que os une, no entanto, é a extrema vulnerabilidade e a dificuldade de reinserção social. Nas ruas, encontram-se jovens que fugiram de ambientes familiares violentos, adultos que perderam seus empregos e idosos que, sem família ou apoio, foram abandonados à própria sorte.
Maria Aparecida, 45 anos, é um exemplo dessa realidade. Desempregada há dois anos, após o fechamento da fábrica onde trabalhava, ela foi despejada do aluguel e acabou nas ruas. “Nunca imaginei que isso aconteceria comigo. Eu tinha um emprego, uma casa, mas hoje não tenho nada”, desabafa. Histórias como a de Maria Aparecida são comuns e revelam a fragilidade das redes de proteção social.
Ações sociais e desafios
Embora existam iniciativas da prefeitura e de organizações não governamentais para apoiar essa população, como a distribuição de alimentos, abrigos temporários e centros de atendimento, muitos moradores de rua ainda enfrentam dificuldades para acessar esses serviços. A burocracia, a falta de informação e o receio de abandonar as ruas por temer perder seus poucos pertences ou serem vítimas de violência são alguns dos obstáculos.
A FAS, que gerencia o sistema de acolhimento da cidade, afirma que está trabalhando para expandir os abrigos e criar programas de reintegração mais eficazes. No entanto, os desafios são grandes. “É um problema complexo, que envolve não só a falta de moradia, mas também questões de saúde, dependência química e oportunidades de trabalho”, explica o coordenador de programas sociais da FAS.
Uma questão de empatia e solidariedade
O aumento no número de pessoas em situação de rua não é apenas um desafio para as autoridades, mas também para a sociedade curitibana como um todo. A empatia e a solidariedade são fundamentais para transformar esse cenário. Organizações de voluntariado têm se mobilizado para fornecer não só alimento e abrigo, mas também apoio emocional e capacitação profissional para essas pessoas.
No entanto, especialistas apontam que a solução de longo prazo passa pela criação de políticas públicas mais estruturadas, que abordem as causas do problema, como a falta de acesso à educação, saúde e moradia. Sem essas medidas, a situação dos moradores de rua tende a se agravar.
Enquanto a cidade busca soluções, as ruas de Curitiba continuam a ser o lar temporário de milhares de pessoas cujas histórias de vida revelam o lado invisível de uma sociedade que, muitas vezes, vira os olhos para essa realidade.
Essa reportagem reflete o aumento da população em situação de rua em Curitiba, destacando as causas, os perfis dessas pessoas e a necessidade de ações mais eficazes e solidárias para lidar com o problema.
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