CSN - Central Sul de Notícias - Colunista Tânia Vasconcelos
É fácil perceber que a baixa participação das mulheres na vida pública reflete um conjunto intrincado de barreiras históricas, culturais, sociais e institucionais que continuam a moldar os espaços de poder. Desde tempos imemoriais, a construção das sociedades atribuiu às mulheres papéis que se restringiam majoritariamente ao ambiente privado, associando-as a responsabilidades domésticas e familiares, enquanto os homens ocupavam o espaço público, político e de liderança. Essas estruturas ainda ecoam no mundo contemporâneo, mesmo com os avanços conquistados por movimentos feministas e sociais.
Além disso, a política é frequentemente percebida como um ambiente competitivo e, muitas vezes, hostil, marcado por práticas machistas que desestimulam a participação feminina. Mulheres que conseguem entrar nesse espaço frequentemente enfrentam desafios adicionais, como preconceitos enraizados e a expectativa de provar constantemente sua competência.
Do ponto de vista econômico, a desigualdade de renda e oportunidades também desempenha um papel crucial. Para muitas mulheres, a falta de acesso a recursos ou redes de apoio dificulta a entrada na esfera pública, especialmente em posições de destaque. A maternidade também é um fator relevante: as mulheres frequentemente assumem a maior parte das responsabilidades familiares, o que limita o tempo e a energia disponíveis para se engajarem em atividades políticas ou públicas.
No contexto cultural, muitas sociedades ainda reforçam estereótipos de gênero que veem a liderança como algo inerentemente masculino. Narrativas que perpetuam ideias de que homens são "naturalmente" mais aptos para liderar permanecem profundamente enraizadas, mesmo quando refutadas por evidências e práticas bem-sucedidas de liderança feminina.
A mídia também contribui para moldar percepções sobre as mulheres na vida pública. Mulheres líderes são frequentemente julgadas não apenas por suas ações, mas por sua aparência, comportamento e estilo, questões que raramente são dirigidas a seus pares masculinos. Isso não apenas cria um ambiente de julgamento injusto, mas também desencoraja outras mulheres de entrarem nesses espaços.
Para superar essas barreiras, é necessário uma transformação coletiva e multifacetada. Isso envolve não apenas mudanças institucionais, como cotas de gênero e políticas de igualdade, mas também uma desconstrução cultural profunda que desafie os estereótipos e promova uma visão inclusiva de liderança. A luta por igualdade na vida pública não beneficia apenas as mulheres, mas fortalece as bases de uma sociedade mais equitativa e representativa.
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