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Quinta-feira, 22 de Maio de 2025

Colunas/Sônia Hutterer

Refletindo - A REVOLTA DE ATLAS -

Reflexões causadas por livros, filmes, textos, fatos do cotidiano.

Refletindo - A REVOLTA DE ATLAS -
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CSN - Central Sul de Notícias - Colunista Sônia Hutterer

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Da Redação

Amigos leitores,

No mês passado acabei de ler um "catatau" de 1215 páginas - "A Revolta de Atlas" de Ayn Rand. Um livro extraordinário que engloba mistério, suspense, ética, metafísica, politica, economia e até ficção científica.

O livro foi escrito no ano em que nasci - 1957 - é uma obra de ficção, entretanto, no decorrer de sua leitura, fui vislumbrando características do sistema político do Brasil "desde sempre".

Antes de trazer um breve relato da história retratada no livro, copio "ipsis litteris" a orelha do livro para melhor entendimento da vida da escritora.

"Ayn Rand  (seu nome verdadeiro é Alisa Zinov'yevna Rozenbaum) nasceu em 1905, em São Petersburgo, na antiga União Soviética czarista.  Precoce e determinada, aos 9 anos decidiu que seria autora de livros de ficção e acabou se tornando uma das escritoras mais influentes dos Estados Unidos.

A fim de escapar da Revolução Russa, em 1917, mudou-se com os pais para a Crimeia.  No entanto, após a vitória dos comunistas, o estabelecimento comercial de seu pai foi confiscado, e sua família passou fome.

Na escola, ficou muito impressionada com as aulas de história americana e considerou os Estados Unidos o modelo de nação em que os homens poderiam ser livres, princípio presente em toda a sua obra.

Ao retornar da Crimeia, foi estudar Filosofia e História na Universidade de Petrogrado, onde se formou em 1924.

Em 1925, obteve permissão para visitar parentes nos Estados Unidos.  Embora tenha informado às autoridades soviéticas que sua estada em território americano seria breve, nunca mais voltou à Rússia."

"Na mitologia grega, o titã Atlas recebe de Zeus o castigo eterno de carregar nos ombros o peso dos céus.  Neste clássico romance de Ayn Rand, os pensadores, os inovadores e os indivíduos criativos suportam o peso de um mundo decadente enquanto são explorados por parasitas que não reconhecem o valor do trabalho e da produtividade e que se valem da corrupção, da mediocridade e da burocracia para impedir o progresso individual e da sociedade.  Mas até quando eles vão aguentar?

Considerado o livro mais influente nos Estados Unidos depois da Bíblia, segundo a Biblioteca do Congresso americano, A Revolta de Atlas é um romance monumental.  A história se passa numa época imprecisa, quando as forças políticas de esquerda estão no poder.  Último baluarte do que ainda resta do capitalismo num mundo infestado de repúblicas populares, os Estados Unidos estão em decadência e sua economia caminha para o colapso."

A história segue a vida de uma família, os Taggart, que são donos de uma companhia ferroviária. Junto a eles, conhecemos também a história de outros personagens: o "rei" do cobre, o dono de uma companhia de aço/siderúrgica, engenheiros, donos de companhia petrolífera - em paralelo a esses personagens também temos um músico, um filósofo, um escritor, uma socióloga, um professor universitário, um jornalista, um banqueiro e políticos: o chefe de Estado, deputados, e mais: empreiteiros, balconista, atriz e um pirata (literalmente, um fora-da-lei, bandido aceito pela sociedade como tal).

Em muitas partes, o livro é profético ao narrar fielmente o longo plano meticuloso de implantação do socialismo numa sociedade.  Conforme você vai lendo você se dá conta da degradação moral, espiritual, cultural, econômica, artística dessa sociedade retratada no livro.  Impossível não reconhecer muitos aspectos do Brasil.

Na trama há romance, sexo, violência, espiritualidade, planos secretos da resistência (o mistério do desaparecimento de grandes industriais e pessoas importantes da sociedade).  No decorrer da leitura não há tédio - não me lembro quanto tempo levei para lê-lo, mas acredito que foi uns 6 ou 7 meses; acho que demorei pois leio outros livros ao mesmo tempo - esse livro só lia antes de dormir.

A escritora/filósofa traz boas noções de ética, moral, civismo, embora para muitas pessoas ela seja considerada uma individualista.  "Sua mensagem transformadora conquistou uma legião de leitores e fãs: cada indivíduo é responsável por suas ações e por buscar a liberdade e a felicidade como valores supremos."

A seguir transcrevo algumas frases/ideias que ela traz no livro através da fala de alguns personagens.

"...a propriedade privada é uma espécie de proteção em benefício da sociedade como um todo." pg. 55

"Nada pode tornar moral a destruição dos melhores.  Não se pode ser punido por ser bom.  Ou pagar por ter sido hábil." pg. 87

"Nunca procurava os erros dos outros, só os seus. Era de si próprio que exigia perfeição." pg.138

"Para mim, só existe um tipo de depravação: a do homem sem objetivo." pg.160

"O que é moralidade? É o julgamento que permite distinguir o certo do errado, é a visão que enxerga a verdade, é a coragem que age com base no que vê, é a dedicação ao que é bom, é a integridade de quem permanece no lado do bem a qualquer preço." pg.189

"Como se pode falar a verdade quando se lida com o público?" pg.201

"Há no mal uma obscenidade que contamina o observador." pg. 228

Há um parágrafo bem interessante que separei para reflexão:

"...sabe o que caracteriza o medíocre? É o ressentimento dirigido às realizações dos outros.  Essas mediocridades sensíveis que vivem tremendo de medo de que o trabalho de alguém se revele mais importante que o delas - não imaginam a solidão que se sente quando se atinge o cume.  A solidão por não se conhecer um igual - uma inteligência que se pode respeitar, uma realização que se possa admirar. Os medíocres, escondidos em suas tocas, rangem os dentes para a senhorita, crentes de que a senhorita sente prazer em ofuscá-los com o seu brilho, e, no entanto, a senhorita daria um ano de sua vida para ver um simples lampejo de talento entre eles.  Eles invejam a capacidade, e seu sonho de grandeza é um mundo em que todos os homens sejam reconhecidamente inferiores a eles.  Eles não sabem que esse sonho é a prova cabal de sua mediocridade, porque esse mundo seria insuportável para o homem capaz.  Eles não sabem o que o homem capaz sente quando está cercado de seres inferiores.  Ódio? Não, não é ódio, mas tédio - um tédio terrível, sem esperanças, paralisante.  De que adianta receber elogios e adulações de homens por quem não se sente respeito? Já sentiu vontade de ter alguém para admirar? Algo que a obrigasse a levantar a vista?" pg.373/374

"A riqueza é produto da capacidade humana de pensar.  O dinheiro é feito - antes de poder ser embolsado pelos pidões e pelos saqueadores - pelo esforço honesto de todo homem honesto, cada um na medida de suas capacidades.  O homem honesto é aquele que sabe que não pode consumir mais do que produz." pg.428

A melhor frase do livro:

 "Quando há comércio não por consentimento, mas por compulsão, quando para produzir é necessário pedir permissão a homens que nada produzem - quando o dinheiro flui para aqueles que não vendem produtos, mas têm influência -, quando os homens enriquecem mais pelo suborno e pelos favores do que pelo trabalho, e as leis não protegem quem produz de quem rouba, mas quem rouba de quem produz - quando a corrupção é recompensada e a honestidade vira um sacrifício -, pode ter certeza de que a sociedade está condenada." pg. 431

"...um tribunal não segue nenhuma regra, ele não respeita nenhum fato. Nesse caso, uma audiência não é uma questão de justiça, e sim de vontades individuais, e o destino do réu depende não do que ele fez ou deixou de fazer, e sim de quem ele conhece ou não conhece." pg.623/624

"...o terceiro é um professor de psicologia que não conseguia arrumar emprego porque ensinava que os homens são capazes de pensar." pg.747

"...não existe trabalho miserável, apenas homens miseráveis que não se dispõem a trabalhar." pg. 749

"Trabalharemos sob decretos e controles, criados por aqueles que são incapazes de trabalhar.  Eles usarão nossa energia, porque não têm nenhuma para oferecer, e nossos produtos, porque não sabem produzir." pg. 769

"O homem que mente para o mundo é escravo do mundo dali em diante." "...não existem mentiras benévolas..." pg.894

"Sempre que alguém acusa uma pessoa de ser "insensível" é porque essa pessoa é justa.  Quer dizer que ela não tem emoções imotivadas e não concede a um indivíduo um sentimento que ele não merece." pg. 924

Conforme fui folheando o livro, percebi que as frases que grifei ao lê-lo são inúmeras e todas elas nos trazem reflexões.  Inclusive há um capítulo inteiro que é o discurso do personagem principal no rádio, o qual vale a pena ser destrinchado separadamente em outros textos futuros no blog para uma reflexão mais profunda de suas ideias.

Assim, sem mais delongas encerro o texto de hoje.  O livro é bom, recomendo - produz muitas reflexões - divirtam-se! Outros textos com mais ideias sobre essa obra virão.

Até!

FONTE/CRÉDITOS: CSN - Central Sul de Notícias - colunista Sônia
Comentários:
Sonia Hutterer - Psicóloga

Publicado por:

Sonia Hutterer - Psicóloga

- " Sônia Hutterer, Psicóloga Clínica Junguiana e Radiestesista Terapêutica. Residente em Curitiba-PR - Como observadora do cotidiano, mantenho desde 2020 o Blog "Refletindo", onde escrevo sobre: Hábitos - Livros - Filmes e Cultura em Geral" -...

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