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Da Redação - jornalista Douglas de Souza
Jair Messias Bolsonaro. O nome já carrega uma sonoridade profética. Afinal, "Messias" significa “o enviado de Deus”. Em 2022, o ex-presidente foi derrotado na tentativa de reeleição, enfrentando um adversário recém-liberto das condenações judiciais: Luís Inácio Lula da Silva (PT), uma figura singular na política nacional, que almeja ser lembrado como estadista. Lula busca consolidar uma imagem de político generoso, realizador e honesto. Tenho minhas dúvidas, mas o tempo dirá.
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Bolsonaro, o maior representante da direita brasileira, reúne multidões por onde passa, seja em pequenas cidades do interior ou nas grandes metrópoles do país. No entanto, ele sabe que o tempo corre contra si. Novos nomes na direita pedem passagem, como o candidato derrotado ao governo de São Paulo, Pablo Marçal. Ex-coach e empresário bem-sucedido, Marçal saiu fortalecido da eleição paulista, apresentando-se como um personagem dinâmico e desafiador, pronto, segundo ele, para governar São Paulo e o Brasil.
Não podemos esquecer também de outros nomes fortes da política nacional, como o atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), ambos com excelente aprovação nas urnas. Certo é que Bolsonaro ainda é a principal figura na representação da direita brasileira. Governadores, prefeitos e legisladores, junto a milhares de eleitores simpatizantes da ideologia conservadora, cristã e familiar, veem nele o líder certo para governar o país.
Entretanto, a grande dúvida que paira no ar é: terá o “Messias” força, saúde e ambição política para retornar ao Palácio do Planalto em 2026? Por outro lado, já se nota um certo desgaste no ânimo de Bolsonaro, evidenciado em diversos comentários e entrevistas nos quais ele menciona o nome de sua esposa, Michelle Bolsonaro, como uma possível candidata à presidência.
Outro sinal de desgaste foi a relação conturbada de Bolsonaro com candidatos à prefeitura em várias cidades brasileiras. Candidatos de direita que contavam com seu apoio se viram em uma situação constrangedora, pois outros candidatos de direita também reivindicavam esse apoio. Esse cenário ficou evidente nas eleições em São Paulo e Curitiba: o atual prefeito reeleito de São Paulo, Ricardo Nunes, e o candidato Pablo Marçal alegavam ambos ter o apoio de Bolsonaro, mostrando uma direita, no mínimo, desorganizada.
Na capital paranaense, a situação se repetiu. O candidato eleito Eduardo Pimentel (PSD) e a candidata Cristina Graeml (PMB) também divulgaram apoio de Bolsonaro. O ex-presidente buscou adotar um discurso conservador que, no entanto, ficou em cima do muro, deixando o eleitor confuso quanto às suas intenções.
Bolsonaro parece estar jogando uma delicada partida de xadrez político. Ser "rei" e, ao mesmo tempo, "peão" não condiz com seu estilo, pois está habituado a comandar as jogadas, mesmo que às vezes recorra ao blefe para organizar sua base. O problema está nos resultados dessa estratégia, já que muitos de seus correligionários, especialmente governadores, senadores e prefeitos, têm ambições próprias que nem sempre alinham com as de Bolsonaro.
Esse jogo de interesses com resultados incertos está criando um vazio de ideias e propostas, o que representa o risco de afastamento do principal líder da direita de seus aliados. A oposição, representada pelos partidos de esquerda, observa atentamente, pronta para tirar proveito da situação. Uma verdadeira imagem do urubu sobrevoando a carcaça.
A eleição de 2026 está mais próxima do que parece. Na política brasileira, tudo acontece nos bastidores. O eleitor, por sua vez, recebe uma decisão praticamente consolidada antes do pleito oficial. As novas alianças estão sendo costuradas neste momento. Uma coisa é certa: hoje, o “certo” e o “duvidoso” andam de mãos dadas, e o futuro a Deus pertence. Cuide-se, Bolsonaro.
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