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Da Redação
A rotina tranquila das manhãs ensolaradas nas praças públicas das cidades ganhou um toque especial com a reunião de aposentados para jogar baralho. Com o barulho das folhas ao vento e o som das cartas sendo embaralhadas, grupos de amigos se encontram diariamente para partidas que variam entre truco, buraco, canastra e pife. Para muitos, é uma forma de socialização e lazer que tornou-se essencial na fase pós-trabalho.
Lazer ao ar livre
As mesas e bancos de praças de cidades como Curitiba, Porto Alegre e Florianópolis são ocupadas por esses jogadores veteranos que, com baralhos nas mãos, discutem estratégias, riem e compartilham histórias da vida. “É uma forma de manter a cabeça ativa e o coração aquecido”, diz João Carlos, de 67 anos, frequentador assíduo da Praça da Redenção, em Porto Alegre. “Aqui, a gente se distrai e nem sente o tempo passar.”
Para muitos aposentados, o baralho vai além do simples jogo. Ele representa uma maneira de fortalecer os laços de amizade e afastar a solidão. A maioria dos jogadores se encontra de segunda a sexta, sempre nos mesmos horários, transformando o hábito em uma rotina prazerosa. “A gente não pode parar. Jogar baralho aqui é como ir trabalhar, mas sem o estresse”, brinca Maria Helena, de 72 anos.
Benefícios para a mente e o corpo
Além de ser uma atividade divertida, jogar cartas traz benefícios para a saúde mental e emocional. Segundo especialistas, os jogos de estratégia como os praticados pelos aposentados estimulam a memória e a concentração, ajudando na prevenção de doenças neurodegenerativas. Além disso, a convivência social é fundamental para evitar quadros de depressão, que muitas vezes afetam pessoas na terceira idade.
E os benefícios não param por aí. O ambiente ao ar livre, com o contato com a natureza, também é um grande aliado para o bem-estar desses jogadores. “Saio de casa todos os dias para vir jogar e, além das cartas, aproveito o sol e o ar fresco. É a melhor coisa que fiz pela minha saúde”, afirma Sebastião, de 74 anos, que frequenta a Praça Tiradentes, em Curitiba.
Espaços acolhedores
Nos últimos anos, algumas prefeituras têm investido na revitalização de praças, criando espaços com mesas fixas, especialmente para jogos de cartas e xadrez. A iniciativa visa incentivar a interação social entre os idosos e proporcionar um local adequado para suas atividades. Em Florianópolis, a Praça XV de Novembro é um exemplo de espaço onde aposentados se reúnem para jogar. Ali, é comum ver várias gerações interagindo, unidas pelo gosto pelos jogos de cartas.
O convívio pacífico e amigável nas mesas de baralho é uma característica marcante desse público, que faz questão de manter a tradição dos encontros diários. Cada partida é uma oportunidade de relembrar momentos do passado e construir novas memórias, tudo com bom humor e uma dose saudável de competitividade.
Um novo olhar sobre a aposentadoria
O hábito de jogar baralho nas praças mostra que a aposentadoria pode ser uma fase cheia de vida e atividades. Ao contrário da ideia de que é um período de inatividade, muitos aposentados estão encontrando no convívio social e nos jogos uma maneira de se manterem ativos, física e mentalmente.
Para quem passa por uma dessas praças e observa os aposentados jogando, é fácil perceber que o verdadeiro prêmio de cada partida não está nas cartas, mas no companheirismo e nas risadas compartilhadas. "Ganhando ou perdendo, o que vale é estar aqui, com os amigos", resume Dona Teresa, de 68 anos, com um sorriso no rosto e as cartas na mão.
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