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Da Redação
Durante a sessão desta segunda-feira (6), da Câmara Municipal de Curitiba (CMC), a vereadora Delegada Tathiana Guzella (União) denunciou uma situação ocorrida na semana passada, que ela entende ter sido um caso de intolerância religiosa em Curitiba. Conforme relato da parlamentar e depoimentos apresentados em um vídeo, alunos do Colégio Estadual São Paulo Apóstolo, localizado no bairro Uberaba, estariam se reunindo de maneira espontânea nos intervalos das aulas para leituras da Bíblia e orações. As atividades, contudo, ganharam destaque fora dos portões da escola quando alunas gravaram vídeos protestando contra os momentos religiosos dentro do colégio, por considerarem que outras religiões não teriam o mesmo espaço.
Uma das estudantes chegou a declarar que “os evangélicos têm que ser exterminados”, em episódio que, segundo a vereadora, configura apologia ao crime e merece providências legais e institucionais, por tratar-se de ato infracional. Guzella apresentou e convidou os colegas a assinarem uma Moção de Apoio à liberdade religiosa e ao respeito ao exercício da fé entre a juventude, cujo texto (416.00048.2025) foi adiantado em plenário e deve ser votado na sessão de terça-feira (7). A parlamentar anunciou que o gabinete representará sobre o caso e defendeu a necessidade de proteger o direito à crença, garantido pela Constituição Federal, pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e por outros instrumentos legais que asseguram a liberdade de culto.
Guzella acrescentou que “a liberdade religiosa é um direito natural do ser humano”, independentemente de qual fé é professada. “Parabéns a esses jovens que se reuniram para falar da Palavra de Deus. Vemos tantos pais que fazem de tudo para não deixar os filhos se envolverem com as drogas, mas, quando estão orando, ainda assim há pais criticando. Não dá para entender, né?”, desabafou a vereadora do União.
O vídeo e o contexto
O material exibido em plenário mostra jovens reunidos no pátio da escola orando — a vereadora estimou cerca de 70 adolescentes participando voluntariamente do ato no intervalo das aulas — e trechos de vídeos publicados nas redes sociais por outros estudantes e pais de alunos. Outra aluna que questiona a atividade religiosa na escola afirma que, se fosse da umbanda ou do espiritismo, “o colégio ia proibir”. Alguns pais e alunos que aparecem no material apoiaram a iniciativa religiosa: uma mãe afirmou que a ação trouxe “esperança, amor e acolhimento” a jovens que, segundo ela, “estavam perdidos”. Em plenário, a vereadora informou que mães pediram que os nomes dos jovens não fossem divulgados, por temerem represálias na escola.
Reações no plenário
O discurso de Delegada Tathiana teve acolhida entre outros parlamentares. O vereador Fernando Klinger (PL) ressaltou a importância da liberdade individual e do espaço de escuta que grupos religiosos podem oferecer a jovens. “Os jovens abrem o coração; esse lugar de escuta faz a diferença”, afirmou. A vereadora Carlise Kwiatkowski (PL) classificou o episódio como sintoma de uma “sociedade doente” e reforçou a defesa da liberdade religiosa: “não interessa se é umbandista, espírita, evangélico ou católico — a intolerância é um problema que precisamos combater.” Já a vereadora Meri Martins (Republicanos) leu trecho de mensagem de um aluno que disse ter reencontrado a fé e se emocionou com o acolhimento proporcionado pelo grupo.
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