CSN - Central Sul de Notícias - colunista Thomas Nelson
Da Redação
Antes de ser conhecido como um dos maiores divulgadores do cristianismo, Paulo de Tarso era Saulo: um temido doutor da lei, fariseu convicto, cidadão romano e um dos mais ferrenhos perseguidores dos primeiros cristãos. Sua formação era rigorosa: aluno de Gamaliel, um dos maiores mestres do judaísmo, Saulo possuía profundo conhecimento das Escrituras judaicas, o que mais tarde o ajudaria a fundamentar suas pregações cristãs.
Em Jerusalém, Saulo foi testemunha direta do apedrejamento de Estêvão, considerado o primeiro mártir cristão. Segundo a narrativa espiritual da obra "Paulo e Estêvão", essa cena ficou marcada em sua consciência, iniciando um processo interno de questionamento e transformação, mesmo que inconscientemente naquele momento.
O Caminho de Damasco: O Início da Revolução Interior
A conversão de Saulo é um dos episódios mais emblemáticos da história do cristianismo. Enquanto seguia para Damasco, com o objetivo de capturar e prender seguidores de Jesus, Saulo teve uma experiência mística e avassaladora. Uma luz intensa o derrubou do cavalo, e uma voz – que ele reconheceu como sendo de Jesus – o questionou:
"Saulo, Saulo, por que me persegues?"
O impacto físico e espiritual foi imediato: Saulo ficou cego por três dias, vivendo uma profunda crise de consciência. Sua cegueira temporária tornou-se símbolo da cegueira espiritual que o dominava até então. Foi então acolhido por Ananias, um cristão de Damasco, que o ajudou a recuperar a visão e a fé. A partir dali, ele adotaria o nome Paulo e se tornaria o maior missionário do cristianismo primitivo.
O Apóstolo dos Gentios: Um Homem à Frente de Seu Tempo
Paulo não apenas abraçou a fé cristã, como também revolucionou sua forma de divulgação. Enquanto muitos apóstolos focavam nas comunidades judaicas, Paulo foi além: tornou-se o apóstolo dos gentios, levando o Evangelho aos povos não judeus, algo ousado e até controverso na época.
Em suas viagens missionárias por cidades como Corinto, Éfeso, Atenas, Filipos e Roma, Paulo fundou comunidades cristãs, conhecidas como "Casas do Caminho", onde os ensinamentos de Jesus eram debatidos, vividos e partilhados.
Suas epístolas, cartas dirigidas às primeiras comunidades, são consideradas pilares teológicos e espirituais do cristianismo. Nelas, Paulo abordava temas como fé, caridade, convivência fraterna, e a importância da esperança na ressurreição. Muitas dessas cartas foram incluídas no Novo Testamento.
A Perseguição Final: Prisão e Martírio em Roma
Mesmo após inúmeras prisões, perseguições e tentativas de assassinato, Paulo seguiu incansável em sua missão. Sua coragem desafiava o Império Romano e as lideranças religiosas de sua época.
Sua última jornada o levou a Roma, onde foi preso e julgado. Condenado à morte por decapitação, sua execução foi realizada sob o governo de Nero, por volta do ano 67 d.C. Por ser cidadão romano, Paulo teve direito a uma morte "menos cruel" que a crucificação, ao contrário de Pedro, que foi crucificado de cabeça para baixo.
A Imortalidade de Sua Obra
É praticamente consenso entre historiadores e estudiosos da fé cristã que, sem Paulo, o cristianismo dificilmente teria sobrevivido além das fronteiras da Palestina. Sua habilidade intelectual, seu domínio das línguas e sua determinação em levar a mensagem de Jesus aos povos pagãos fizeram dele o principal responsável por transformar o cristianismo de uma pequena seita judaica a uma religião global.
A obra "Paulo e Estêvão", psicografada por Chico Xavier, detalha de maneira emocionante a trajetória espiritual de Paulo, trazendo não apenas os fatos históricos, mas os conflitos íntimos, dores e amores que moldaram sua alma missionária.
O Eco de Paulo nos Séculos
Do orgulho farisaico ao mais profundo exemplo de entrega e amor ao próximo, a vida de Paulo de Tarso é uma prova de que ninguém está condenado a ser quem é para sempre. Sua trajetória nos lembra que a transformação é sempre possível, e que, com fé e coragem, é possível mudar não apenas o próprio destino, mas o rumo da humanidade.
Paulo morreu, mas sua voz segue viva em cada leitura das Escrituras, em cada celebração cristã e em cada coração que, até hoje, encontra em suas palavras a força para acreditar.
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